Desde quinta, 2/9, a websérie A História é Sua, trama de comédia, com leves toques de suspense, vem dando o que falar no Instagram. Protagonizada pelos atores Lisandra Cortes e Murilo Cezar, ao lado de grande elenco, a produção foi especialmente pensada para essa rede social.
Assista agora ao primeiro episódio da série A História é Sua: Episodio1
O Instagram, uma das mais acessadas do mundo, tornou-se nos últimos tempos e, em especial, durante a pandemia, uma plataforma para artistas mostrarem seus trabalhos, já que os teatros, cinemas e estúdios de televisão ficaram desativados nesse período.
Muitos atores e produtores resolveram levar histórias de ficção para a rede, em episódios, e contando com a audiência dos seguidores. Projetos e tramas das mais variadas invadiram a web e vêm ganhando cada vez mais espaço e, principalmente, fãs.
Mas como é que se faz, de fato, uma produção totalmente voltada para o Instagram, plataforma em que as pessoas, na grande maioria, assistem por seus telefones celulares? Que tipo de tecnologia, de recursos, equipamentos são usados?
Os criadores da websérie A História é Sua, Bruno Pirozzi (produtor executivo), Gabriel Vaccaro (ator e diretor de projetos), e Marco Carlucci (diretor e roteirista), diretores das empresas de produção de mídia e transmissão, Otzi Group e Otzi Stars, explicam o passo a passo para a criação e lançamento de uma websérie.
Nesta entrevista o trio conta alguns segredinhos para empreender nesse formato que promete ser, cada vez mais, a sensação do audiovisual! Confira!
Como é, na questão da parte técnica, fazer uma série especialmente voltada para o Instagram?
Marco Carlucci - O Instagram tem um raciocínio todo peculiar. Se você encarar o formato como um dificultador para seu projeto, ele realmente o será. Mas, a partir do momento que se começa a explorar certas liberdades e características do formato, de maneira independente, ele abre uma série de possibilidades de contar histórias que não eram possíveis antes. As grandes dificuldades que passamos são com "desprendimentos" do que funciona, e saber que o que você vê no monitor ou no computador, tem que ser pensado para alguém que segura um telefone. Passa-se por um processo desafiador, mas de certa forma empolgante.
Quais são os recursos e tecnologias necessárias para uma produção como essa? Que tipos de equipamentos são usados?
Marco Carlucci - Não só para a audiência, mas para nós também: A História é Sua foi dividida em 2 fases. A primeira com a co-criação dos personagens em conjunto com os atores, e esta foi marcada por certa liberdade de execução, com câmera menor e mais tempo para desenvolvermos o material junto com os atores. Já na segunda fase, devido a uma série de questões de agenda e produção, tínhamos um tempo curto para fazer a gravação. Então optamos por câmeras maiores, que nem sempre estão preparadas para o formato vertical. Por isso captamos na tecnologia 4k, com câmeras e luzes de cinema, filmando na horizontal, mas já pensando que o formato final da série seria o 9x16.
Vocês da OTZI Group já tinham feito outra produção ou material desse tipo?
Gabriel Vaccaro - Temos um braço dedicado para a web e que faz muito formato vertical, que é a OTZI Stars. E ali fazemos de pequenas publicidades à “mini realities” neste formato. Mas agora, com A História é Sua, foi a primeira vez que fizemos uma ficção complexa nesse formato. Filmar ficção, com personagens se movimentando e interagindo o tempo todo, em vertical (9x16), foi um desafio e tanto. Mas também uma empreitada boa, que nos deixa firmes no raciocínio de que a história é essencial para o audiovisual. O meio é só uma maneira de transportar para o público, com as limitações e liberdades que cada formato e plataforma nos proporcionam. E se a história é sólida, o resto acaba sendo resolvido.
É uma nova tendência do audiovisual?
Gabriel Vaccaro - O audiovisual tem que estar onde o público está. Se a sua audiência vive no Instagram, e você tem algo para falar com ela, por que tentar tirar de lá? A parte essencial é você se aproximar do público, de onde ele está. A grande dificuldade que uma plataforma como o Instagram impõe é que não fizemos um tipo de conteúdo que seja comum a ela. Então, às vezes, o “poderoso algoritmo” - que na verdade são vários e muito complexos - não entende direito o que estamos fazendo. Mas espero, sim, que seja uma tendência e que outras séries como A História É Sua apareçam e o Instagram fique mais preparado para recebê-las.
Quais são as maiores dificuldades enfrentadas para se produzir uma websérie, em especial A História é Sua?
Bruno Pirozzi - Apesar de ser um formato que não é novo, a websérie representa um desafio único: como produzir com qualidade sem ter os recursos técnicos e financeiros que uma TV ou um streaming tem. A gente juntou parceiros importantes, como a escola de atores Wolf Maya, que disponibilizou o estúdio para nossa gravação, o que, essencialmente, permitiu que gravássemos tudo a tempo e dentro do orçamento que tínhamos.
E quais as facilidades em comparação com uma produção para TV ou cinema?
Bruno Pirozzi - A facilidade está na relação com a audiência, na proximidade com o público. E nesse caso, em especial, de A História é Sua, fizemos questão de envolver o público desde o começo. Não acho que essa primeira temporada teria saído tão bem e com tanta dedicação dos envolvidos se tivéssemos tratando com uma produção de tv ou cinema. A web tem uma liberdade invejável nesse sentido.
Falando em custo, uma websérie é um negócio rentável nos dias de hoje?
Bruno Pirozzi - Sim, mas depende da capacidade de entrega, de cumprir os prazos de produção, das associações e parcerias, da celeridade por informação, das escolhas de exibição e plataformas, e tudo isso no tempo que a internet demanda por atenção.
Em média qual é o investimento para quem deseja produzir uma série para o Instagram?
Bruno Pirozzi - Existem dois tipos de investimento quando você pára pra pensar em uma série: tempo e dinheiro. De dinheiro, se a ideia for boa, e você tiver uma boa noção do básico, da plataforma e das ferramentas, dá pra fazer só com o que se tem na mão. Mas aí o tempo vira fundamental, e tem que ser muito bem utilizado. Quando resolvemos que faríamos ``A História é Sua, sabíamos que quando o primeiro personagem fosse votado e já estivesse no ar, começamos uma corrida cruel contra o tempo. E nessa hora os finais de semanas voaram pela janela e a gente fez tudo da melhor maneira possível, para garantir os recursos com a melhor qualidade e em tempo hábil. E isso sem perder prazos de outros trabalhos concomitantes.
Existem patrocínios para esse tipo de produção no audiovisual?
Gabriel Vaccaro - A necessidade das marcas de comunicar continua existindo. Uma websérie como A História é Sua abre espaço para a marca comunicar com o seu público através do que ele quer ver, e não de uma maneira que tenta fugir do conteúdo. A inserção de marca tem de ser fluida, com a marca alinhando sua comunicação com os criadores e produtores e isso dentro dos formatos de entretenimento, sem perder do horizonte os valores de sua audiência.
Como é medido o retorno do público?
Gabriel Vaccaro - Pelo engajamento, comentários, compartilhamento e, no caso da nossa série, pelo voto. Teve grupo de seguidores de atores que subiram hashtag defendendo a personagem, criaram histórias paralelas e chamaram votos em papéis específicos. Esperamos que isso aconteça, também, nos momentos de interação nos episódios. A primeira parte da série teve 1,5 milhões de visualizações orgânicas e dezenas de milhares de comentários e curtidas. E com nenhum hate, o que é dificílimo na internet hoje em dia! E esse tipo de engajamento, completamente saudável, só suporta e ajuda os números que alcançamos.
Caso uma plataforma de streaming ou um canal de televisão se interessem pela série, é possível exibi-la nesses veículos ou seria preciso uma adaptação?
Marco Carlucci - É possível, mas com adaptações. Depende muito do que esse player (o canal, ou o streaming) entender que é o cerne da série. Essa temporada foi pensada para mostrar o que é possível do ponto de vista de tecnologia, dramaturgia e filmagem. Quando você muda de meio sempre tem uma adaptação, e o cerne dela pode ser tanto do formato de escolha, como na adaptação de uma história específica para uma produção mais longa. Essa primeira temporada da nossa websérie, por exemplo, poderia muito bem virar uma sitcom de comédia. Adoraríamos contar mais algumas horas das histórias de Fernanda Fatos (Lisandra Cortes) e seu grupo peculiar de amigos. Mas o formato do A História é Sua não depende somente dessa história, pode ser explorado de muitas maneiras e temos ideias para, pelo menos, mais 4 temporadas, com ambientações e tipos de interações com o público diferentes.
A produção fica disponível no Instagram por tempo indeterminado? Ou há um prazo para a websérie ficar no ar?
Marco Carlucci - Essa temporada de A História é Sua ficará para sempre no Instagram. Foi desenhada para ele, e não tem motivo para a tirarmos da sua casa. Outras temporadas podem ter tempos e raciocínios diferentes. As mídias digitais tem esse tipo de flexibilidade, que criam novos formatos e maneiras de contar histórias.
Existe alguma regulamentação própria, regras, do Instagram para esse tipo de produção?
Bruno Pirozzi - O Instagram é uma plataforma bem “family-friendly”. Então alguns temas mais complexos ou controversos não vivem bem nele. Afirma que, o que vai bem de ficção, é comédia. Então, dentro das regras de conduta da plataforma, é possível criar muito conteúdo divertido.

