Em um mercado de trabalho cada vez mais tecnológico, vemos surgir novas ferramentas e funcionalidades que prometem facilitar os processos no mundo corporativo. Um dos mais famosos e avançados é o metaverso. Mas quais serão os impactos do metaverso no RH?
Afinal, o que é metaverso?
O metaverso, também conhecido como “universo ficcional”, “realidade aumentada” e/ou “realidade virtual”, é considerado o futuro da internet, e espera-se que ele esteja consolidado e presente no nosso dia a dia daqui a 10 ou 15 anos. Parece longe, mas acredite, não é tanto assim.
Segundo um levantamento realizado pela Kantar Ibope Media, quase 5 milhões de brasileiros já utilizaram alguma versão do metaverso. Esse número corresponde a aproximadamente 6% da população com acesso à internet no país.
Basicamente, o metaverso é um ambiente virtual tridimensional que tem como objetivo simular a realidade e as interações sociais por meio de dispositivos como celulares, computadores, tablets e até TVs. Essa funcionalidade está sendo testada e aprimorada para chegar o mais rápido possível ao maior número de lugares do mundo.
No metaverso, a ideia é oferecer uma experiência completa e imersiva com ajuda da Inteligência Artificial. Algumas empresas já vêm experimentando o novo formato, com óculos de realidade virtual e luvas, por exemplo, que ajudam a conciliar os mundos real e digital, proporcionando essa comunicação de forma mais completa.
A empresa mais famosa do mundo a trabalhar com o metaverso é a Meta Platforms Inc., que antes se chamava apenas Facebook Inc. Em 2021, Mark Zuckerberg mudou o nome da instituição e investiu mais de US$ 50 milhões no metaverso.
Metaverso e mercado de trabalho
O mundo virtual já é uma realidade para diversos postos de trabalho. O trabalho remoto (ou o anywhere office – escritório em qualquer lugar) continua crescendo, e pela internet são feitas entrevistas de emprego, admissões, demissões e toda a dinâmica do dia a dia corporativo, utilizando sites e softwares de comunicação e trabalho, de acordo com as funções exercidas pela equipe.
Inclusive, uma pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelou que, a cada 1% investido em tecnologia, o retorno do lucro após dois anos é 7% maior. Ou seja, as empresas apresentam mais crescimento e resultados quando valorizam a área de TI.
Já com os ambientes simulados possíveis no metaverso, será cada vez mais fácil ampliar o contato e organizar reuniões com colaboradores, fornecedores e clientes, substituindo as chamadas de áudio e vídeo como conhecemos atualmente.
Por exemplo, em vez de entrarmos em uma sala do Google Meet, Zoom ou Teams, todos os participantes utilizarão óculos especiais e outros adereços para entrarem em uma sala online e se sentirem realmente dentro dela, ficando o mais próximo possível de seus colegas.
Os benefícios do metaverso no RH
É claro que o metaverso no RH pode facilitar reuniões e até o processo de recrutamento e seleção. Mas ele não se limita a isso. Para a gestão de pessoas, os espaços virtuais poderão proporcionar ambientes onde o comportamento e o desempenho dos colaboradores serão vistos e analisados com mais precisão.
Ao implementar o metaverso no dia a dia do setor de RH, será possível alcançar alguns benefícios em relação à gestão de pessoas:
- Clima organizacional
Com essa nova forma de relacionamento, o clima organizacional também deve lidar com mudanças. Por isso, é muito importante que as equipes de RH saibam orientar o grupo para evitar conflitos e oferecer um ambiente de trabalho agradável e prazeroso, com uma cultura de feedbacks e melhorias na comunicação interna.
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Employer branding
Outro ponto positivo para o RH no metaverso é o fortalecimento do “employer branding”. Este termo significa a reputação da empresa enquanto marca empregadora, o que pode atrair e reter talentos em seus processos seletivos.
Isso acontece porque o metaverso é uma inovação, e sua utilização chama a atenção de pessoas mais atualizadas e conectadas com as novidades. Além disso, os melhores profissionais do mercado procuram essas empresas para consolidarem suas carreiras, uma vez que são mais exigentes na hora de escolher onde trabalhar.
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Acessibilidade
O metaverso também é acessibilidade: para funcionários surdos, por exemplo, essa ferramenta deve oferecer comunicação em libras, além da melhor inclusão de pessoas com outras deficiências.
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Humanização
As equipes de RH buscam se aproximar cada vez mais dos colaboradores, tornando a comunicação mais humanizada. Isso também será possível com o uso de tecnologias mais avançadas, uma vez que os algoritmos darão às pessoas experiências cada vez mais personalizadas, respeitando os seus gostos e preferências e atendendo às suas expectativas.
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Decisões baseadas em dados
Atualmente, um dos maiores aprendizados das empresas é saber se orientar a partir de dados concretos, para tomar as decisões mais assertivas para o time. No caso dos algoritmos, eles também podem possibilitar que a equipe de gestão de pessoas reúna esses dados e melhorem, a partir deles (e de seus cruzamentos), a experiência dos colaboradores na empresa.
Principais desafios do metaverso no RH
Por mais que a tecnologia proporcione diversas mudanças positivas nas equipes, ela também pode trazer muitos desafios a serem superados.
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Adaptação às novas ferramentas
A adaptação da empresa ao metaverso é um deles, já que as pessoas têm entendimentos diferentes sobre o ambiente virtual, de acordo com sua idade, local onde nasceu e contato que teve com a tecnologia ao longo da vida. Por isso, todos devem ser treinados para utilizar essas ferramentas da melhor forma.
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Acesso à internet de qualidade em todos os dispositivos
Além disso, a aquisição de equipamentos adequados e o acesso à internet de qualidade para utilizar as funcionalidades do metaverso são de alto custo, principalmente se cada colaborador estiver em um local diferente. Esse investimento deve ser calculado e considerado no budget da empresa, afinal, de que adianta o metaverso se nem toda a equipe consegue acessá-lo?
No Brasil, de acordo com uma pesquisa do IBGE, 40 milhões de pessoas não acessam a internet. Ou seja, mesmo com toda a evolução que temos atualmente, ainda será preciso muito tempo e investimento para que o metaverso atinja a todos.
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Privacidade
A privacidade no metaverso também é algo a ser analisado. Por estarem em uma sala com os gestores, os colaboradores podem ser observados mais de perto. O ideal é estabelecer um limite de privacidade para que todos possam trabalhar à vontade.
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LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)
Em meio a um mundo de troca constante de informações, no metaverso, a LGPD deverá ser rígidamente aplicada. Com isso, é possível evitar o vazamento de dados de colaboradores e clientes, e punições dos órgãos de fiscalização, como a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados).
De modo geral, o metaverso chegou para auxiliar cada vez mais a gestão de pessoas no setor de RH, cujo objetivo é tornar todos os processos mais ágeis, estratégicos e atraentes.
* Priscila Ventura é Head de People da TotalPass, uma das principais soluções de saúde integrada do Brasil. Com mais de 10 anos de experiência em RH, a executiva é responsável por ajudar a construir equipes de alta performance na TotalPass, focando no desenvolvimento e implementação de ações de apoio às lideranças.

