Entrevista com Yumi Reis

Pingue-pongue/Yumi Reis Paula Magalhães

Entrevista com Yumi Reis

 

Há três anos, as estilistas recém-formadas pela faculdade de moda Santa Marcelina, Yumi Reis e Aline Prado, ganharam o mercado internacional com criação de bolsas. As peças foram parar na vitrine da Harrods em Londres. O sucesso no exterior se estendeu para o Japão, sonho antigo. No Brasil, a dupla que assina a nova marca Yumi & Prado, deixando a Atelier Urbano somente para desenvolvimento de grandes marcas, tem 40 pontos-de- vendas no país, sendo três deles na Bahia. Yumi Reis esteve em Salvador, onde nos concedeu uma entrevista, relatando a dificuldade de inserir-se no mercado brasileiro e fazendo um preview da coleção de Inverno.

P.M – A Atelier Urbano foi a primeira marca de bolsas brasileiras nas vitrines da Harrods. Como foi dividir espaço com nomes consagrados como Prada e Miu Miu?

Y.R – Eu fiquei encantada por poder mostrar nosso trabalho, que chamo de artesanato moderno. Soubemos aproveitar o que há de melhor no Brasil, mas sempre dando uma cara contemporânea à criação. Um exemplo é a bolsa de escamas de peixe pirarucu com sementes de açaí. Tudo feito de uma maneira diferente, para não ficar somente no artesanal. Eu acho que esse foi o nosso diferencial. O mercado internacional foi o primeiro que abriu as portas para nós.

P.M – Além da Inglaterra, suas peças são vendidas em outros países?

Y.R – Meu sonho sempre foi vender para o Japão, por causa da minha ascendência oriental. Esse ano fui convidada pela Associação Brasileira de Estilistas para uma rodada de negócios no país. Deu certo. Fechei com distribuidores japoneses que são os mesmos da Rosa Chá, Colcci e da Tereza Santos. Além do Japão, vendemos para África do Sul e Nova York.

P.M – O mercado externo foi o seu primeiro passo. A trajetória no Brasil foi mais árdua?

Y.R – Depois do ingresso no mercado externo, resolvi tentar o mercado interno, mas percebi que o trabalho é mais valorizado lá fora. Talvez pelo costume do Brasil olhar para os produtos de fora, assim como os estrangeiros se encantam com os que temos aqui. No mercado interno, eu uso mais o couro, mas sem perder o estilo manual, já que se consolidou como referência da nossa marca. Hoje, tenho 40 pontos-de-venda no Brasil.

P.M –Você define o seu processo criativo como atemporal ou pincela tendências da moda?

Y.R –Minhas peças são atemporais. Eu inclusive tenho um mascote a bolsa Laguna, que toda a coleção relanço de uma maneira diferente. Eu mudo cores, prego sementes, coloco broches. A nossa identidade é um equilíbrio do clean e do over. A inspiração vem muito da natureza.

P.M – Quais os materiais utilizados para fazer suas bolsas?

Y.R – Mudam muito. Como fazemos pesquisa há uma variedade enorme de materiais, ora trabalhamos com a resina, outra com o metal. A trama também é utilizada. Mas o couro tem sempre espaço na nossa criação.

P.M – Atelier Urbano foi a marca que fez fama, porém a Yumi & Prado é a utilizada hoje. Pode explicar esse processo de mudança?

Y.R – Isso aconteceu depois que fechamos negócio com o Japão, que nos orientou a mudar. Começamos a usar os nomes das estilistas, que é hoje a nossa marca Yumi & Prado. O Atelier Urbano ficou somente para fazer desenvolvimento para grandes marcas como Iódice, Fause Haten e Giselle Naser, está última já desfilou três coleções na SPFW feita por nós.

P.M – Sua visita à Bahia foi para interagir com seus três clientes?

Y.R – Eu gosto de viajar porque não tenho representante. Faço questão de vir pessoalmente conhecer as lojas que vendem meus produtos. Em Salvador são Martha Paiva, Deusa Crioula e Danielle Magalhães. Sempre dou prioridade ao contato, já que o Brasil tem várias culturas, onde a mulher do Norte é diferente da nascida no Sul. Não gosto de simplesmente fechar negócios em feiras.

P.M.– Na coleção de Verão, você misturou materiais nobres como croco e pithon, além das aplicações de metais na camurça. Para o Inverno já tem algum preview?

Y.R – Continuo apostando nas bolsas leves feitas com trecê, na aplicação da resina nas peças de festa, além do matalasse no pithon, além das cores azul-marinho, roxo, fendi e preto.

Veja também

Michelle Marie