A arte de baforar!

Lorenzo Orsi

A arte de baforar!

O tradicional hábito de fumar charutos requer momento, dinheiro e disciplina para evitar o exagero. Para quem não sabe, nem sempre se aplica o jargão popular que afirma o seguinte: santo de casa não faz milagres. Em matéria de charutos, o ditado não tem vez. A questão é que se tratando de um produto originalmente brasileiro, os “Tabacos Mata Fina” conseguem provar o contrário, dado a sua credibilidade e fidelidade entre os amantes de um bom fumo. E tratando-se de um público consumidor bastante refinado e completamente inteirado no assunto, o sucesso não vem à toa, pois trata-se de resultado do somatório de vários pré-requisitos, como qualidade, bom gosto, sabor, aroma, enfim, tudo que possa aliar satisfação e sofisticação. Para comprovar que o assunto é quente, o Michelle Marie bateu um papo com Lorenzo Orsi, um dos fundadores da empresa.

 

Michelle Marie - Como foi que aconteceu a implantação da fábrica de charutos em cruz das almas?

Lorenzo Orsi - A família vem investindo em negócios que envolvem produtos glamourosos e de luxo. A 5 anos adquirimos uma vinicula na Itália. Alguns anos depois surgiu a oportunidade de investir no negocio de charuto. Após um minucioso estudo dos mercados nacional e internacional, foi adquirida uma fabrica de charutos existente em cruz das almas (somente infra-estrutura) e posteriormente totalmente reformada e estruturada para a produção de charutos de alta qualidade. As charuteiras foram treinadas e iniciou-se a fabricação dos charutos monte pascoal (atualmente única marca produzida e comercializada pela tabacos Mata Fina).

M.M - Como você avalia a cultura do charuto no Brasil, mais especificamente na Bahia?

L.O - Na Bahia é muito conhecida e desenvolvida, principalmente na região do recôncavo baiano onde se concentra a produção de tabaco negro da mais alta qualidade. Esta região já foi o berço de grandes empresas mundialmente conhecidas mas que sumiram do mercado devido a diversos fatores. No restante do pais, é bastante desconhecida principalmente devido a forte influencia dos charutos cubanos e dominicanos no pais. Outro agravante foi uma serie de altos e baixos na qualidade dos charutos nacionais que levaram a um interesse cada vez menor pelos charutos baianos.

M.M -Você pode nos dizer qual diferença entre o charuto cubano e o produzido em cruz das almas?

L.O - Analisando a construção do charuto, não há diferença, posso ate dizer que nosso charuto muitas vezes se iguala ou supera a qualidade dos cubanos. Com relação a sabor é uma questão muito subjetiva. Gosto não se discute. Os cubanos são conhecidos por serem charutos encorpados (forte) já os baianos são um pouco mais suaves. Uma grande diferenca é que o charuto baiano oferece uma qualidade e bouquet de aromas que poucos charutos no mundo oferecem. Isto se deve a grande presença de tabaco mata fina. Tanto é que é um tabaco mundialmente reconhecido por suas características únicas e faz parte de muitos blends de marcas mundialmente reconhecidas pela qualidade.

M.M - Bom, alguns especialistas indicam algumas bebidas, como vinho, Uísque e conhaque para acompanhar um charuto. Qual é a sua opinião Com relação a isso?

L.O - Isso varia bastante da paladar e gosto de cada um. A ocasião e o momento também podem influenciar na escolha da bebida. O importante é a pessoa estar à vontade para apreciar o charuto, seja acompanhado de uma bebida ou não.

M.M - Com relação à cultura do charuto, você acha que no Brasil É apenas uma questão de modismo passageira ou podemos dizer que Trata-se de algo que pode virar tradição, assim como em cuba?

L.O - Com certeza já é uma tradição. O problema é que é desconhecida pela maioria. Esta é nossa missão: disseminar nossa tradição e cultura do tabaco, não só no Brasil mas para o mundo todo. O que acredito seja um modismo é o charuto cubano no Brasil.

M.M - Ultimamente se fala muito em campanhas contra o tabaco, o que Você acha sobre a nova lei antifumo, aprovada recentemente no estado De são Paulo?

L.O - Sou totalmente a favor de se preservar o direito do não fumante e do fumante passivo. Mas acredito que o fumante também deva ter seus direitos preservados. Não acredito que a nova lei preserve algum direito ao fumante. Acredito que um grande problema esta em se tratar o charuto como cigarro e existem profundas diferenças entre os dois.

M.M - Você costuma fumar charutos? Com qual freqüência?

L.O - Sim, o charuto faz parte da minha vida a mais de 10 anos. Fumo em média pelo menos 1 charuto por dia.

 

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Michelle Marie