Tambores, emoção e alegria marcam o retorno da saída do Bloco Afro Olodum no Pelourinho

Com o “Tambores: A Batida do Coração – Caminhos da Eternidade”, o bloco busca resgatar a história da utilização dos instrumentos percussivos

Foto Kleber Lobo Foto Kleber Lobo

A tradicional saída do bloco Olodum voltou a tomar conta das ruas do Pelourinho nesta sexta-feira (17), segundo dia da folia momesca. Ruas cheias, cores e tambores ao ar fizeram parte retorno da saída do bloco que há 43 anos encanta o Brasil e o mundo com sua percussão, suas cores e sua história. O presidente do bloco, João Jorge Rodrigues, festeja o momento. “É com muita emoção que voltamos às ruas. Com o coração, a terra da Bahia, os tambores, a alegria”.

Com o tema “Tambores: A Batida do Coração – Caminhos da Eternidade”, o bloco busca resgatar a história da utilização dos instrumentos percussivos, mais especificamente os tambores, com foco nos tambores de Ghana e cultura dos povos Ashanti, do continente africano.

Nas comunidades tradicionais africanas, os tambores têm sido utilizados para diversas celebrações e também são instrumentos de comunicação. Em Salvador, os tambores do Olodum também se tornaram um referencial para a cidade, o Brasil e o mundo. Por meio das suas cores que remetem ao pan-africanismo, o grupo tem sonoridade inconfundível.

O bloco homenageia também a memória de Neguinho do Samba, criador do samba-reggae um dos fundadores e diretores do Olodum.

A saída do bloco contou com indumentárias nas cores em vermelho, o abre alas com as dançarinas e a presença marcante de Negra Jhô, Mulher Olodum e o os percussionistas que ruíram os tambores pelas ruas do Pelourinho, agitando uma multidão.

O folião Everaldo Santos, 43, ficou emocionado com esse retorno. Ele é filiado ao bloco há mais de 20 anos. “Parece que foram 10 anos sem o Olodum na avenida. Esse foi um dos momentos mais esperados, é emocionante estar aqui. A primeira vez que vi o Olodum eu tinha sete anos, me apaixonei e acompanho até hoje”, relembrou.

Olodum desfila também nesta noite (17), no Circuito Osmar (Campo Grande), e no domingo (19), no Circuito Dodô (Barra/Ondina).

Tambores da resistência - Quietinho no canto, sentando e reflexivo, Antônio Carlos, conhecido como mestre Pacote do Pelô, um dos fundadores do bloco, se concentrava para este momento. Ele relembrou como tudo começou e celebra o momento atual do bloco.  “A gente tinha que carregar som, tambor, armar palco no Largo do Pelourinho para que o Olodum pudesse fazer ensaio numa portinha. E aí hoje aqui estamos aqui, em frente a nossa sede, com 120 homens e mulheres que fazem parte da banda, voltando fazer o carnaval e valorizando a nossa cultura”.

O Olodum foi criado em Salvador no bairro do Maciel - Pelourinho por um grupo de moradores em 25 de abril de 1979, numa época em que este bairro era marginalizado e discriminado pela população baiana. O Bloco Olodum surge para ocupar um espaço da expressão cultural contemporânea do continente africano que no Estado da Bahia tem sua maior representação e expressividade. Este ano, a entendida desfila com o apoio do programa Ouro Negro.

Para o presidente João Jorge, iniciativas como o Ouro Negro, são importantes para a sobrevivência das entidades criadas para a preservação da cultura popular e comunidade negra. “Ele (Ouro Nedro) é viabilidade que o Olodum, Ilê Ayê, Muzenza, entre outras entidades possam sair no carnaval. Projetos como esse demonstram a falta de solidariedade da sociedade privada é preciso estimular que essas empresas sejam mais participativas”, reflete o presidente do bloco.

Carnaval Ouro Negro 2023 - O Carnaval da Secult conta ainda com 63 grupos dos segmentos afro, afoxé, samba, reggae e de índio contemplados pelo Carnaval Ouro Negro 2023, que desfilarão nos outros circuitos da folia. Entre eles, estão grupos tradicionais como o Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Muzenza e Cortejo Afro.  A pasta fez um investimento histórico no Carnaval Ouro Negro 2023, destinando R$ 7,6 milhões ao edital, com o intuito de preservar a tradição destes blocos na folia soteropolitana. 

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Foto Ulisses Dumas
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Michelle Marie